Desde sua estreia em abril, o filme Pecadores conquistou o público com uma trama intensa e emocional que mistura drama familiar, crítica social e vampiros em pleno sul dos Estados Unidos.

Dirigido por Ryan Coogler (Pantera Negra, Creed), o longa acompanha os irmãos gêmeos Smoke e Stack (vividos por Michael B. Jordan) que, ao reabrirem um juke joint (bar musical) em sua cidade natal, enfrentam uma ameaça inesperada: uma infestação de vampiros e um ataque racista.

Mas o que parecia um final trágico esconde, segundo o elenco, uma conclusão muito mais poética do que triste.

O que realmente aconteceu com Smoke?

pecadores final do filme
Imagem: Divulgação.

No clímax de Pecadores, Smoke consegue sobreviver até o amanhecer ao lado de Sammie (Miles Caton), derrotando os vampiros liderados por Rennick. Em seguida, ele enfrenta e mata Hogwood (David Maldonado) e seus comparsas da Ku Klux Klan, que pretendiam atacar o bar. No entanto, Smoke acaba sendo mortalmente ferido no processo.

A cena final mostra Smoke sangrando até a morte, mas não sem antes ter uma visão reconfortante: ele vê sua esposa falecida, Annie (Wunmi Mosaku), e o bebê que tiveram juntos. Em entrevista ao Refinery29, Mosaku revelou sua interpretação da cena, dizendo que via aquilo como um “final feliz”:

“Esses dois agora estão conectados no mundo dos ancestrais para sempre… Criaram uma vida juntos e se uniram da forma certa. Tudo o que está fora disso é estar preso num mundo de ódio, dor e tristeza.”

Essa leitura espiritual dá um novo peso à morte de Smoke. Em vez de representar apenas a perda de um protagonista, ela simboliza uma libertação: o reencontro com o amor e a conexão com um plano ancestral, longe do ódio que consumiu o mundo dos vivos.

Stack e Mary: o gancho (sutil) para uma possível continuação de Pecadores

pecadores cena do filme
Imagem: Divulgação.

Embora Smoke tenha tido um final definitivo, dois personagens-chave sobreviveram: Stack e Mary (Hailee Steinfeld), ambos transformados em vampiros. Eles aparecem numa cena pós-créditos, sessenta anos depois, em Chicago, onde reencontram Sammie — agora um músico de sucesso — e oferecem a ele a chance da imortalidade, que ele recusa.

Para a atriz Wunmi Mosaku, a decisão de colocar essa cena como um epílogo foi acertada. Em entrevista ao The Hollywood Reporter, ela explicou:

“Você sempre se perguntaria o que aconteceu com Stack e Mary. Ver que Smoke não conseguiu matar o próprio irmão e que Stack cumpriu sua promessa é circular… É o encerramento perfeito.”

A escolha de Coogler em encerrar a história principal em 1932 antes de dar um vislumbre do futuro preserva a integridade emocional da narrativa e reforça que Pecadores não é apenas um filme de terror, mas uma obra sobre legado, laços familiares e ciclos que se completam.

Coogler queria um “filme completo”, não uma franquia

Embora a cena final abra espaço para teorias e até possibilidades de spin-offs ou prequels — como sugerido pelo próprio Michael B. Jordan em entrevistas —, Coogler já deixou claro que sua intenção com Pecadores era criar uma experiência fechada.

“Eu queria que o filme parecesse uma refeição completa: entrada, prato principal, sobremesa… tudo”, disse o diretor à Ebony. “Essa sempre foi minha intenção.”

Com isso, o final ganha ainda mais significado: não é um convite a uma nova saga, mas um epílogo melancólico e simbólico. A recusa de Sammie em se tornar um vampiro, por exemplo, é o sinal de que ele escolheu seguir seu caminho humano — com suas dores, mas também com sua luz. Não por acaso, ele canta “This Little Light of Mine” no encerramento, como que reafirmando sua escolha de viver (e brilhar) apesar de tudo.

Vai ter Pecadores 2?

Mesmo com o encerramento redondo, a mitologia criada em Pecadores — e o carisma do elenco — deixou o público sedento por mais. Há espaço para explorar o passado de Stack e Smoke em Chicago, mergulhar na trajetória vampírica de Mary ou até seguir Sammie em sua carreira. No entanto, Coogler tem dado sinais de que prefere focar em obras autorais e únicas, ao invés de construir um novo universo cinematográfico contínuo.

Por ora, Pecadores é uma história completa — com sangue, tragédia, espiritualidade e redenção. E talvez seja justamente isso que o torna tão poderoso: a coragem de terminar no tempo certo.

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